A “hora mágica” da fotografia acontece antes do nascer ou do pôr do sol. E é no fim do dia que há 100 anos um ritual muito importante é realizado. Às 17h do segundo domingo de julho, os descendentes de japoneses acendem velas nos 784 túmulos do Cemitério Japonês de Álvares Machado (SP). O ritual das velas é um dos momentos principais do Shokonsai, que significa “convite às almas”, considerado o Dia de Finados da colônia. Ele encerra o evento ocorrido neste domingo (12), chega ao seu centenário.
O fotógrafo Guilherme Noma é nascido e criado em Álvares Machado e conhece o Shokonsai desde pequeno, já que é um evento tradicional. Ele participou dez vezes e fala que, mesmo que o evento japonês seja equivalente ao Dia de Finados no Brasil, são bem diferentes.
“A cultura japonesa é uma comemoração diferente porque aqui no Brasil o Dia de Finados é um dia triste. No Shokonsai, tem várias festividades”, disse.
Quem também acompanha o evento há mais de dez anos é a jornalista Débora André, de Presidente Prudente (SP).
“Eu conheci o Shokonsai em 2008, foi o ano em que a colônia japonesa completou 100 anos de imigração no Brasil. Foi um período de grandes festividades e foi o meu primeiro contato. Apesar de homenagear os antepassados falecidos e uma maneira de mostrar respeito pelos ensinamentos, o Shokonsai é uma festa muito alegre, divertida, cheia de vida”, explicou.
O evento começa pela manhã com um ofício budista e ao longo dia há uma extensa programação com apresentações de dança e música, além das comidas típicas e do Bon Odori.
“Isso atrai muitos fotógrafos, porque não temos no cotidiano pessoas vestidas tipicamente, igual a gente vê no Shokonsai”, falou Noma.
Ritual das velas durante o Shokonsai atrai fotógrafos da região — Foto: Guilherme Noma/Cedida
Ritual das velas
Ritual das velas durante o Shokonsai atrai fotógrafos da região — Foto: Debora André/Cedida
Apesar de todas as atividades renderem bons cliques, é o ritual das velas o mais convidativo para quem gosta de fotografia, justamente na “hora mágica” para os fotógrafos.
“O momento mais interessante do Shokonsai é o ritual das velas. Às 17h, são colocadas velas uma em cada túmulo e esse horário é o horário em que o sol vem se pondo. A luminosidade das velas vai aumentando conforme o sol vai diminuindo e esse horário, nós, fotógrafos, chamamos de hora mágica. E o resultado das fotos é muito impressionante. Na primeira vez em que eu fui fotografar o ritual das velas, eu ouvia dizer sempre que na hora o vento para, nenhuma vela se apaga e realmente, em todas as vezes em que eu fui fotografar o ritual das velas, ocorreu isso. As velas não se apagam e o vento cessa, é impressionante”, afirmou o fotógrafo.