No dia 18 de junho de 1908, chegava ao Brasil, no porto de Santos, o navio Kasato Maru, trazendo os primeiros imigrantes japoneses. Hoje, 113 anos depois, famílias nipônicas de Jundiaí colhem os frutos desses anos de adaptação, reforçando a cultura e as tradições japonesas em seus lares.
Atualmente, há 325 famílias que fazem parte da Associação Cultural e Beneficente Nipo Brasileira de Jundiaí, popularmente conhecida como “Kaikan”. Chegando a mil associados, segundo o presidente Luiz Oda.
“A associação existe desde 1945 e é uma forma de mantermos as tradições japonesas entre todas as gerações. Lá, os associados podem fazer karaokê, gateball, taiko, além de aproveitarem as noites de culinárias típicas como o sukiyaki e o udon. Outra importante tradição que fazemos é o ‘Undokai’, uma gincana poliesportiva que, originalmente, foi criada para se comemorar o aniversário do imperador, mas que agora, se tornou uma grande forma de confraternização entre os associados”, afirma Luiz.
Oda, de 63 anos, é advogado e sua família chegou em Jundiaí na década de 1920. “Meu avô é de Hiroshima e veio ao interior paulista para trabalhar nas lavouras. Com o passar dos anos, as gerações seguintes saíram dos campos e começaram a ocupar o meio urbano, eu, meus irmãos e meu pai nascemos todos em Jundiaí. E hoje em dia, mantenho algumas tradições na minha casa, principalmente na culinária”, comenta.
Hugo Yoshiyassu, 90 anos, e Hissako Yoshiyassu, 82 anos, se conheceram e casaram em Jundiaí na década de 1960. “Meus avós chegaram a Santos em torno de 1925 e depois foram para o interior trabalhar na agricultura. Em 1946, eles vieram para Jundiaí e eu já era nascida, compraram um terreno e começaram a cultivar verduras, morangos e uvas. Então, em 1959 conheci meu marido e casamos em 1961, tivemos três filhos e, em 1970, construímos a casa onde moramos até hoje”, afirma Hissako.
Hugo, natural de Araçatuba, chegou em Jundiaí, junto com sua família, no final da década de 1950. Foi presidente da Nipo de Jundiaí em 1996. “Quando eu era criança, nos mudamos para Londrina, onde já havia uma boa comunidade japonesa e trabalhamos em um hotel que atendia muitos desses imigrantes”, conta.
Em sua casa, Hissako mantém fortes tradições culinárias, como a preparação do arroz japonês (gohan) e do “missoshiro” (sopa).