Durante quase todo o século 19, as pessoas eram profundamente atraídas por circos bizarros e shows mórbidos. Naquela época, quanto mais esquisita e singular fosse a atração, maior era o entretenimento do público.
Assim, mulheres barbadas, pessoas fisicamente alteradas e superhumanos eram os queridinhos do show business. Ainda que fossem tratados como aberrações pela sociedade, tais artistas arrecadavam valores exorbitantes todas as noites.
Exposta em uma caixa de vidro grosso, aSereiade Fiji foi uma das atrações mais conhecidas na época. Junto de diversos outros indivíduos semelhantes, ela atraiu a atenção de cidades inteiras ao redor do mundo — verdadeira ou não.
Reza a lenda que, logo no início dos anos 1800, a curiosa sereia foi encontrada perto das Ilhas de Fiji, no Pacífico Sul. Intrigados, marinheiros japoneses deram nome ao ser capturado e trouxeram-na para terra firme.
Naquela época, comerciantes holandeses eram intimamente ligados ao mercado Japonês. Dessa forma, após algumas negociações amigáveis, a sereia foi comprada, em meados da década de 1810.
Com um tórax semelhante ao dos humanos e uma cauda grossa, o indivíduo foi exibido em Londres naquele mesmo ano. A sereia foi divulgada em jornais, a fila da exposição estava sempre lotada e as opiniões sobre sua veracidade eram bastante divididas.
O começo de uma viagem
Uma vez detentor da espécime, Moses imaginou que um amigo de Nova York saberia como proceder com a sereia. Assim, o famososP. T. Barnumcolocou os olhos no ser místico pela primeira vez, em 1842.
Profundo apreciador do oculto, Barnum passou a alugar a sereia de Moses e expô-la no Museu Americano de Barnum, em Nova York. Pagando US $ 12,50 por semana, ele passou a ganhar milhares de dólares.
Pelo mundo
Percebendo a fama da criatura e a forma como ela conquistava o olhar dos curiosos, Barnum decidiu criar uma publicidade mais agressiva. Assim, ele enviou cartas anônimas para diversos veículos jornalísticos, apresentando a sereia.
Nos textos, ele explicava que um explorador havia capturado a criatura durante uma de suas viagens na América do Sul. Sob o nome de Dr. J. Griffin, então, um empregado de Barnum passou a viajar com a sereia, alegando tê-la encontrado.
O sucesso da peça era inegável e Barnum pensava ter tirado a sorte grande. Após um incêndio no Museu Americano de Barnum, entretanto, a sereia desapareceu, em 1859. Seu paradeiro nunca mais foi encontrado e a memória ficou para as fotos e ilustrações.
Uma farsa desmascarada
O legado da suposta sereia se seguiu por anos, ainda mais quando outros espécimes parecidos apareceram. Especialistas, contudo, estavam determinados a desvendar a história por trás da criatura de Barnum.
Foi descoberto, então, que o ser místico, na verdade, era composto pelo tronco um macaco costurado à metade de um peixe. No caso da Sereia de Fiji, especialistas concluíram que o artefato era a junção de um orangotango com um salmão.
Segundo um artigo publicado pela revista Western Folklore na época, a sereia provavelmente foi criada por um pescador japonês, no início de 1800. Essa seria uma tradição asiática que, desconhecida pelo Ocidente, enganou desavisados e ainda garantiu um mundo de fama para aqueles que decidiram expô-la.