O Japão anunciou abertura para trabalhadores e estudantes estrangeiros a partir de março. A decisão veio após pressão de empresas sedentas por mão de obra. Mato Grosso do Sul deve ter, pelo menos, 5 mil interessadas em ir para o País asiático. A estimativa é da agência Nozomi Travel Empregos no Japão. O gerente, Thiago Sato, explica que tipo de empregos devem ser oferecidos, expectativa de ganhos e o que esperar da vida no Japão.
“Não é preciso ter formação, apenas força de vontade. Os trabalhos são em fábricas dos setores de eletrônicos, alimentação, automobilístico e na construção civil. Evitamos os empregos nas montadoras de carros por causa da crise que o setor enfrenta”, resume Thiago, ao referir-se a “crise dos chips”, que impacta a produção de veículos no mundo todo, em função da falta de componentes eletrônicos.
Em outubro, o Japão chegou a abrir para estrangeiros, mas a preocupação com aumento de casos de covid-19 trouxe novas restrições. Hoje, entra no País um número limitado de pessoas consideradas essenciais, por dia.
“Na agência, temos cerca de 300 pessoas esperando abertura para ir para o Japão, mas as agências maiores têm muito mais. No Brasil, cerca de 40 mil pessoas querem ir. Em MS, temos uma comunidade japonesa muito grande em Dourados, além da Capital, e estimamos 5 mil pessoas esperando”, estima Thiago.
Investimento – Quem quer ir para o Japão já está preparando a documentação desde antes do anúncio de abertura, pois o processo leva em torno de 5 meses. Thiago acredita que somente os netos de japoneses, os chamados sansei, conseguirão embarcar a partir do início de março. O anúncio, no entanto, deixa todos na expectativa.
Com visto e passaporte, o gasto gira em torno de R$ 1,5 mil. Além disso, é preciso emitir um documento de elegibilidade, que, na prática, garante que há um parente no Japão que será um fiador de quem está embarcando. Isso custa cerca de R$ 1,5 mil.
Com isso, o investimento é de pelo menos R$ 3 mil com documentação. O preço das passagens deve oscilar muito com o início dos embarques. Hoje, ida e volta, de Campo Grande para a capital Tóquio, são oferecidas por mais de R$ 5 mil.
Trabalho – Não precisa ter curso técnico, nem habilidades específicas, porque o que as fábricas esperam é gente para aprender rapidamente como encaixar peças ou fazer ações muito simplificadas para atuar em modelo de divisão de trabalho, onde cada um faz algo muito específico repetidamente.
“Em palavras mais simples, é um serviço de peão. O que a pessoa precisa é ter força de vontade, aprender e ser rápido no trabalho”, comenta.
As jornadas de trabalho, em geral, são de oito horas diárias, podendo ser feita uma hora extra. “Antes, não tinha limite de horários no Japão. Agora, existem algumas leis trabalhistas e o limite é de 45 horas por mês. Há opções de turnos. A pessoa pode trabalhar uma semana de dia e outra à noite”, detalha.
Mulher usa calculadora para contabilizar despesas. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)
Ganhos – Por mês, o salário fica em torno de 2 mil dólares. Pagando aluguel e alimentação, sobra 800 dólares, o que, considerando o câmbio de hoje, equivale a R$ 4,1 mil. Há opções para ganhar mais. São serviços que exigem maior flexibilidade e disposição de tempo, segundo Thiago.
“Por exemplo, há como trabalhar com instalação e manutenção de placa solar. Dá para ganhar o equivalente a 3 mil dólares, mas é um trabalho em que a pessoa vai ficar viajando”, diz.
Quem quer ir – Fazendo as contas, quem ganha 3 mil dólares, pode ter cerca de R$ 9,2 mil mensalmente. É um bom dinheiro no Brasil, mas o gerente da agência destaca que a grande maioria das pessoas que querem ir para o Japão, quer ficar por lá. “Quem está esperando para ir, quer morar lá. Quase ninguém pensa em ir, trabalhar e voltar”.
Quem está interessado no visto, tem parentes no local e deseja a qualidade de vida que oferece o país, que é o terceiro na lista das maiores economias do mundo, com sistemas de ensino e saúde pública invejáveis.