Muita cultura japonesa tomou conta do fim de semana de quem passou pelo Cemitério Histórico Japonês, em Álvares Machado (SP). O 102º Shokonsai, realizado neste sábado (9) e domingo (10), recebeu mais de cinco mil pessoas com músicas, danças, feiras, praça de alimentação típica e reverência aos antepassados.
Após dois anos sem evento festivo devido à pandemia da Covid-19, o Shokonsai retornou com novidades: dois dias de festa e a inauguração da Praça das Cerejeiras.
Praça das Cerejeiras foi inaugurado durante o Shokonsai 2022 — Foto: Stephanie Fonseca
A programação começou no sábado, com a praça de alimentação e apresentações culturais.
O domingo começou com o tradicional culto budista, que foi seguido pela inauguração do Parque das Cerejeiras e Monumentos referentes ao centenário do Shokosai. Também foi realizada uma oração pela paz no monumento dos soldados falecidos na Segunda Guerra Mundial
Ritual das Velas é o ápice do Shokonsai, em Álvares Machado (SP) — Foto: Hermes Lima/TV Fronteira
Na sequência, foram iniciadas as apresentações culturais e a praça de alimentação.
Contudo, o ápice do evento é quando o sol está prestes a se por, com as apresentações de Taiko, o tradicional Bon Odori, uma dança folclórica japonesa, e o Ritual das Velas, cercado de mistério.
Apresentações de Taiko agitaram o domingo (10) do Shokonsai — Foto: Stephanie Fonseca
“Convite às almas”
O primeiro sepultamento no Cemitério Japonês de Álvares Machado tem a data de 19 de novembro de 1919. Um surto de febre amarela e outras doenças mataram vários japoneses.
O cemitério mais próximo ficava em Presidente Prudente (SP), a 15 quilômetros de distância. Os corpos eram levados a pé, carregados por duas pessoas.
Apresentações de Taiko agitaram o domingo (10) do Shokonsai — Foto: Stephanie Fonseca
Como a quantidade de mortes aumentou, as idas para a cidade vizinha ficou inviável. Então, Naoe Ogassawara pediu a permissão para fazer um cemitério em uma área de cinco alqueires, o que foi permitido.
O culto aos antepassados começou em 1920 de uma forma simples, seguindo os moldes do Obon, o evento de finados no Japão. Apenas em 1921, o evento ganhou o nome de Shokonsai, que significa “convite às almas”. Durante as dez décadas, os descentes dos primeiros imigrantes japoneses que se instalaram em Álvares Machado mantiveram a tradição e fizeram do evento algo único.
Ritual das Velas é o ápice do Shokonsai, em Álvares Machado (SP) — Foto: Stephanie Fonseca
Todo segundo domingo de julho foi muito festejado com apresentações de dança, música, comida típica, oração e gratidão aos que já se foram.
Foram sepultadas 784 pessoas. Apenas uma não é japonesa ou descendente. Contam os mais antigos, que o Manoel morreu defendendo japoneses. No período da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 a 1945, o presidente Getúlio Vargas proibiu os enterros no local, que considerou um ponto de discriminação racial.
Ritual das Velas é o ápice do Shokonsai, em Álvares Machado (SP) — Foto: Hermes Lima/TV Fronteira
O Shokonsai é realizado todo segundo domingo de julho. Além do mistério que cerca o ritual das velas, já que o vento cessa e as chamas permanecem acesas, a outra curiosidade é que nunca choveu em 102 anos de evento.
O cemitério, a escola e o palco foram tombados como patrimônio histórico.
Apresentações de Taiko agitaram o domingo (10) do Shokonsai — Foto: Stephanie Fonseca
Ritual das Velas é o ápice do Shokonsai, em Álvares Machado (SP) — Foto: Stephanie Fonseca
102º Shokonsai foi realizado neste fim de semana, em Álvares Machado (SP) — Foto: Hermes Lima/TV Fronteira
Culto budista também foi realizado durante o Shokonsai — Foto: Hermes Lima/TV Fronteira
Ritual das Velas é o ápice do Shokonsai, em Álvares Machado (SP) — Foto: Stephanie Fonseca
Praça das Cerejeiras foi inaugurado durante o Shokonsa 2022 — Foto: Hermes Lima/TV Fronteira
Shokonsai reuniu aproximadamente 5 mil pessoas, neste fim de semana — Foto: Stephanie Fonseca