Qual a lição de casa que os nikkeis brasileiros precisam fazer?

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Qual a lição de casa que os nikkeis brasileiros precisam fazer?

Os nikkeis brasileiros e peruanos reinaram como a única opção em meio a escassez de mão-de-obra japonesa até o ano de 2003. As indústrias que precisavam aumentar o número de operários terceirizados tinham como alternativa contratar japoneses ou nikkeis brasileiros e peruanos.

A partir de 2003 foi aprovada nova lei que permitia a entrada de estagiários asiáticos, intitulados como “kenshuusei”. No primeiro ano de contrato não permitia fazer horas extras e trabalhos noturnos. A partir do segundo ano passavam a ser tratados como “jisshuusei”, ficando livres para horas extras e serviços noturnos. Tinham o direito de estada no Japão limitado a 3 anos somente.

Pois é, o modelo de negócio foi bem aceito pelas empresas contratantes. Os asiáticos não podem mudar de emprego, precisam cumprir o período de contrato, aceitam dividir o quarto com outros colegas de trabalho, vem ao Japão com boa noção do idioma japonês e uma eventual repatriação tem baixo custo.

Os nikkeis ao contrário, acomodados devido as décadas de hegemonia passaram a ficar exigentes. Querem trabalhos com alta remuneração, serviços mais leves e limpos, não querem dividir apartamento, muitos falam pouco o idioma japonês, não possuem certificado de capacitação, não cumprem o período de contrato de trabalho e o custo para repatriação é alto quando comparado aos asiáticos. Mesmo assim os brasileiros mostram-se confiante: “a mão-de-obra brasileira é a melhor do Japão!”.

Atualmente, muitas empresas passaram a optar pela mão-de-obra asiática. Um gigante do segmento de autopeças da região de Tokai está trocando os terceirizados brasileiros pelos asiáticos. Uma grande fábrica de eletrônicos sediada na província de Gifu, cidade de Minokamo, trocou os brasileiros pelos chineses desde o ano de 2010.

Em abril de 2021 passará a vigorar uma nova lei de imigração que permitirá a entrada de estrangeiros de qualquer etnia para 14 áreas. É preciso que os brasileiros atentem-se a esta nova era e passem a se capacitar e obter certificados (menkyo).

Para que a mão-de-obra brasileira permaneça atrativa no mercado de trabalho japonês será necessário que dominem o idioma japonês (leitura e escrita) e possuam certificados (guindaste, lift, caminhão, solda, pintura, etc.).

Além da concorrência da mão-de-obra de outras etnias há o fator idade. Todos nós envelhecemos e os brasileiros não fogem a esta lei da vida. Os niseis estão velhos e os sanseis seguem pelo mesmo caminho. Para continuarem atrativos no mercado de trabalho japonês é necessário equilibrar com alguma técnica e conhecimento. Imaginem pelo lado do contratante, o candidato a vaga apenas ganhou anos de vida e nada mais. Continua sem saber falar fluentemente o idioma japonês e não possui nenhuma habilitação técnica.

Os brasileiros precisam assumir o papel de “profissionais” e não de um simples “dekassegui”. Para continuarem atrativos no mercado de trabalho não adiantará somente argumentar:

– não consigo me expressar bem no idioma japonês, porque na fábrica que trabalho só tinham brasileiros, não se usava o idioma japonês;

– não consigo fazer cálculos no papel porque ultimamente tenho utilizado apenas a calculadora;

– não consigo ler e escrever japonês porque tenho trabalhado incansavelmente 3 horas diárias, não me sobra tempo para estudar. Tudo papo furado, não ajudará como argumento no momento da busca de um novo emprego

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