1895: Tratado entre Japão e China sobre Coreia

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1895: Tratado entre Japão e China sobre Coreia

Um soberano coreano disse certa vez: “A relação da China com o Japão e a Coreia é como a de um pai e seus dois filhos: enquanto a Coreia é, para a China, um filho fiel, o Japão é o filho ingrato.”

Essa descrição ainda valia bem para definir as relações de forças entre aqueles três países, no final do século 19. Para o império chinês, a Coreia continuava sendo um importante estado-vassalo, que o Japão, em processo de industrialização, cobiçava cada vez mais.

A industrialização japonesa veio acompanhada de uma política crescentemente imperialista, tendo a China como principal alvo. Os motivos do Império do Sol Nascente eram os mesmos que levaram as potências europeias à corrida colonial: excesso de população e necessidade de matérias-primas e mercados para seus produtos.

Blefe japonês

Já desde 1884, 11 anos antes da batalha no Mar do Leste da China, vinham ocorrendo sérias crises entre chineses e japoneses na península da Coreia. Dez anos mais tarde, como os dois poderes regionais continuavam inconciliáveis, Pequim e Tóquio enviaram suas tropas para a cidade portuária de Chemmulpo, no sul do país. A guerra sino-japonesa era inevitável.

Já em 23 de julho de 1894, os nipônicos alcançaram sua primeira vitória militar e política. A partir de Chemmulpo, passaram a controlar um governo-marionete, o qual, dois dias mais tarde, anunciava a ruptura de todas as relações com a China. Esta, que acabara de perder a metade de sua frota no estreito entre Japão e Coreia, entrou no que se pode chamar de uma crise de autoconfiança.

A China era, sem sombra de dúvida, a nação economicamente mais forte e, do ponto de vista militar, estava em pé de igualdade com o inimigo, tanto no tocante à logística quanto ao arsenal. Além disso, sem que ela soubesse, o orçamento de guerra japonês já estava esgotado. Porém os generais chineses, que já não acreditavam mais num empate, decidiram-se precipitadamente por uma retirada da península coreana.

Fim do domínio chinês sobre as ilhas

A retirada, entretanto, não representou a paz imediata: esta viria somente meio ano mais tarde, com a assinatura do tratado de Shimonoseki. Os nipônicos vitoriosos forçaram o império politicamente fragilizado à rendição.

Com isso, a China não perdeu somente a Coreia e o Japão. O Tratado de Shimonoseki, assinado em 17 de abril de 1895, ainda previa o seguinte:

“A China predispõe-se a entregar ao Japão a ilha de Formosa (Taiwan) e todas as ilhas entre as latitudes 115º e 120º leste, inclusive o total das instalações militares e as civis não pertencentes a nenhuma pessoa física.”

Assim, esse documento firmou não apenas o fim de uma guerra, mas também o destino da Coreia como colônia japonesa, durante 70 anos. E apesar dele, as batalhas entre o Japão e China pelo Taiwan continuaram até a Segunda Guerra Mundial. Aquela ilha só retornaria a mãos chinesas em 1945, graças ao Tratado de Potsdam.

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