“É COM MUITA VERGONHA, MAS EU VOLTEI”: A SAGA DE SHOICHI YOKOI NA SEGUNDA GUERRA

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Em 1972, no interior da selva de Guam, um homem inquieto espreitava os que passavam. Quando dois moradores estavam montando armadilhas para camarões ao longo do rio de Talofofo, foram atacados por aquele senhor, que consideraram apenas um aldeão.

Mas, após ser levado a uma aldeia próxima, ele acabou se revelando Shoichi Yokoi, um soldado japonês da Segunda Guerra Mundial que sentia que sua vida ainda estava em risco.

O soldado que ficou Yokoi serviu na 29ª Divisão de Infantaria da Manchúria, sendo depois transferido para o 38º Regimento nas Ilhas Marianas. O soldado chegou à ilha de Guam em fevereiro de 1943, um ano antes de o local ser capturado pelos norte-americanos. Durante a Batalha de Guam, ele e outros nove soldados escaparam para a selva.

Reprodução exata da entrada do esconderijo de Yokoi em Guam / Crédito: Wikimedia Commons

Até onde se sabe, sete deles deixaram a mata, enquanto três permaneceram lá por quase 30 anos. Apesar de viverem separadamente, eles se encontravam com frequência, e também visitavam as aldeias locais. Entretanto, os dois amigos de Yokoi morreram em uma enchente, no ano de 1964, deixando-o sozinho na floresta por longos oito anos.

Após ser encontrado, o velho soldado afirmou estar ciente de que a Guerra havia terminado. Mas estava com vergonha de voltar. Para os soldados japoneses, era mais honroso morrer em batalha do que ser capturado pelos inimigos, e esse ensinamento estava arraigado na mente de Yokoi. Portanto, ele nunca se rendeu.

Yokoi retornando emocionado a Tóquio, em 1972 / Crédito: Getty Images

Retornando ao Japão, o ex-soldado proferiu uma frase que se tornou ditado popular: “É com muita vergonha, mas eu voltei”. Embora não o conhecesse pessoalmente, ele dirigiu ao imperador Hirohito a seguinte frase: “Vossa Majestade, voltei para casa. Lamento profundamente que não tenha podido servi-lo bem. O mundo certamente mudou, mas minha determinação em servir você nunca mudará”.

Após voltar, ele se casou e ganhou popularidade, sendo protagonista de um documentário e escrevendo sua autobiografia sobre a vida na selva. Sua resistência e adesão ao não rendimento dos soldados japoneses lhe conferiu a fama de herói nacional. Yokoi faleceu de ataque cardíaco em 1997, aos 82 anos de idade.

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